Oscars 2018: polêmicas, protestos, abusos, recordes.

Após as duas últimas edições marcadas por polêmicas e gafes estupendas, o Oscars 2018 chega ainda mais carregado de atritos.

No próximo domingo (4) será celebrada a premiação cinematográfica mais pop da galáxia. A 90ª edição do Oscars Academy Awards, mais uma vez, deve fugir da monótona e careta apresentação de sempre com os velhos discursos e agradecimentos a diretor, colegas, equipe, periquito, papagaio, etc.

Após as duas últimas edições marcadas por polêmicas e gafes estupendas, o Oscars 2018 já vem carregado de contendas sobre abusos e preconceitos nos bastidores de Hollywood. No Golden Globe e no Critics Choice Awards, artistas e cineastas compareceram às cerimônias vestidos de preto como forma de protesto aos recorrentes casos de abusos e assédios sofridos pelas mulheres nos bastidores da maior indústria de cinema mundial.

#oscarsowhite

O estopim para esta onda de protestos nas premiações da indústria cinematográfica foi a 88ª edição do Oscars, em 2016, quando grande parte dos artistas realizou um boicote como protesto contra a Academia, por não indicar nenhum ator negro pelo segundo ano consecutivo, e tornou o #oscarsowhite (Oscar ainda mais branco) o tweet mais comentado de fevereiro de 2017.

O comediante Chris Rock se fez presente e abriu a cerimônia com um monólogo bem ácido: “Cara, eu contei pelo menos 15 negros naquela montagem. Bem, estou aqui no Oscar, também conhecido como o White People Choice Awards. Já pensaram que se eles tivessem indicações para apresentador eu sequer teria conseguido esse emprego? Vocês estariam vendo o Neil Patrick Harris agora!”

No ano passado, na tentativa de lavar a consciência, a Academia indicou 20 artistas negros. Foi a maior marca de indicações para negros desde 1985, quando ocorreram dez indicações. E ainda se tornou a primeira edição a indicar artistas negros em todas as categorias. Dentre estes, dois atores também estão concorrendo neste ano nas categorias de melhor ator, Denzel Washington (Roman J. Israel, Esq) e melhor atriz coadjuvante, Octavia Spencer (A forma da água). E para deixar a 89º edição mais marcante ainda, os apresentadores trocaram os envelopes e anunciaram erroneamente La La Lend como melhor filme, quando na verdade Moonlight foi o ganhador.

Os apresentadores Warren Beatty e Faye Dunaway, trocaram os envelopes e anunciaram erroneamente La La Lend como melhor filme.

NOVOS RECORDES

E parece que a 90ª premiação do Oscars promete surpreender mais ainda. Ao todo, a edição deste ano poderá ter mais de 12 recordes batidos de uma só vez.

Greta Gerwig (Lady Bird) é a quinta mulher indicada ao prêmio de melhor diretor e poderá se tornar a segunda vencedora da categoria. Antes foram premiadas Luina Wertmuller (“Pasqualino Sete Belezas”, 1975); Jane Champion (“O piano”, 1993); Sofia Coppola (“Encontros e desencontros”, 2003); e Kathryno Bigelow (“Guerra ao terror”, 2008), a única vencedora.

Ainda na categoria de melhor diretor, Jordan Peele (Corra!) também está na quinta colocação entre os cineastas negros indicados. Antes dele foram indicados John Singleton (“Os donos da rua”, 1991); Lee Daniels (“Precious – uma história de esperança”, 2009); Steve McQueen (“12 anos de escravidão”, 2013); e Barry Jenkins (“Moonlight”, 2016) que não venceu como diretor mas ganhou como melhor filme. Se Peele ganhar, será o primeiro diretor negro a receber o prêmio da categoria.

DO MAIS VELHO AO MAIS NOVO

O ator Christopher Plummer, com 88 anos de idade, se tornou o ator mais velho indicado como melhor coadjuvante por “Todo dinheiro do mundo”. Ele substituiu o ator Kevin Spacey, acusado de abuso sexual durante as filmagens. Além de Plummer, a cineasta francesa Agnès Varda, apenas um ano mais velha que o ator, também se tornou a pessoa mais velha indicada pela Academia, por seu documentário “Visages Villages”. No outro lado do espelho, Timothée Chalamet, de 22, é o ator mais jovem concorrendo na categoria principal de atuação desde 1939. Caso ganhe, o protagonista de “Me chame pelo seu nome” será o mais novo ator de todos os tempos a ganhar uma estatueta.

HÁ UMA PRIMEIRA VEZ PARA TUDO

Transgênero

Yance Ford, diretor do documentário “Strong Island”, é o primeiro diretor transgênero a ser indicado a um Oscars. Se ganhar também se tornará o primeiro na categoria.

“Mudbound”

O filme tem quatro estreias em indicações: Virgil Williams como primeira negra em Roteiro Adaptado; Rachel Morrison como primeira mulher em Melhor Fotografia; e Mary J. Blige como primeira pessoa indicada no mesmo ano nas categorias de melhor atriz coadjuvante e melhor canção original.

PRADA DA CASA

Em 2018, Meryl Streep aumentou a sua própria marca para 21 indicações a estatueta, com seu trabalho em “The Post: A guerra secreta”.

Daniel Day Lewis, o maior vencedor da categoria de melhor ator com três estatuetas. O protagonista de “Trama fantasma” pode levar o prêmio pela quarta vez, no qual, ele promete ser seu último papel.

Também na categoria de melhor ator, Denzel Washington, de “Roman J. Israel, Esq.”, é o 8º ator mais indicado na história, juntando-se com Marlon Brando, Jack Lemomon, Al Pacino, Geraldine Page e Peter O’Toole.

O compositor John Williams chega a sua 51ª indicação por sua obra prima em “Star Wars: Os Últimos Jedi”, ele está querendo ultrapassar ninguém mais ninguém menos do que Walt Disney, [1901-1966], com 59 indicações.

Com tantas surpresas, muitos nomes de peso, polêmicas, a expectativa para a maior premiação do cinema mundial não podia ser outra, se não de tensão e de ansiedade para sabermos quem serão os grandes vencedores. Como os artistas se comportarão? Qual será a gafe da vez?

Bem, então, só resta torcer pelo seu favorito e esperar até o próximo domingo para descobrir os grandes vencedores da 90ª edição do Oscar.


Michael Bolzan
Jornalista

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