Governo chinês prende 30 pastores e amplia ofensiva contra igrejas cristãs

Xi Jinping ditador chines - perseguidor de igrejas cristãs (1)

Operações simultâneas em várias províncias resultaram na detenção de líderes religiosos que se recusam a submeter suas igrejas ao controle do Partido Comunista Chinês.

O governo chinês realizou, na ultima quinta-feira (09), uma série de operações policiais com o objetivo de reprimir igrejas cristãs independentes que não estão sob controle estatal — especialmente aquelas que se recusam a se submeter ao órgão oficial supervisionado pelo Partido Comunista. Ao menos 30 pastores e líderes religiosos foram detidos em diferentes províncias, configurando uma das maiores ofensivas contra a fé cristã não registrada nos últimos anos.

Prisões e acusações

As detenções ocorreram de forma sincronizada em várias regiões, incluindo Pequim, Guangxi, Zhejiang e Shandong. Entre os presos está Ezra Jin Mingri, fundador da Zion Church, detido em sua residência em Beihai. Segundo documentos oficiais obtidos pela imprensa, Mingri está sendo acusado de “uso ilegal de redes de informação” — crime que pode acarretar até sete anos de prisão.

Além dele, cerca de 20 líderes continuam detidos, e aproximadamente 150 fiéis foram interrogados nos últimos dias. Em muitas das operações, as autoridades apreenderam celulares, computadores e equipamentos eletrônicos pertencentes às congregações, com o objetivo de enfraquecer suas redes de comunicação online — instrumento particularmente importante após o fechamento ou limitação de templos físicos.

A igreja Zion e as resistências Cristãs

Fundada em 2007 por Mingri, a Jesus Zion Church expandiu-se rapidamente e hoje afirma reunir cerca de 5 mil membros em cerca de 40 cidades. Durante a pandemia, seu crescimento se intensificou, em razão das reuniões virtuais que atraiam novos adeptos.

A Zion Church rejeita o “Movimento Patriótico das Três Autonomias” (TSPM), o órgão estatal que regula e supervisiona igrejas evangélicas oficialmente autorizadas. Para o governo chinês, essa recusa representa uma ameaça ao controle ideológico e social que o Partido busca exercer sobre as organizações religiosas.

Repercussão nacional e internacional

A repressão desencadeou reações dentro e fora da China. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, manifestou publicamente a condenação das detenções e pediu a libertação dos líderes religiosos.
Essas prisões também alimentam preocupações sobre violações à liberdade religiosa em território chinês, direito que, teoricamente, é garantido pela Constituição da China, ainda que com restrições de fato.

A família de Mingri expressou temor por sua saúde — ele é diabético e depende de medicação — e relatou que advogados não têm sido autorizados a visitá-lo. A comunicação familiar denuncia que as autoridades temem a influência do pastor entre os fiéis.

Contexto mais amplo da religião na China

Oficialmente, o governo reconhece cerca de 44 milhões de cristãos que participam de igrejas estatais legalizadas. No entanto, estimativas sugerem que outros 60 milhões seguem sua fé em congregações não registradas — frequentemente chamadas de “igrejas domésticas” — e se tornam alvo de supervisão, censura ou repressão.

Desde 2018, sob a liderança de Xi Jinping, o partido intensificou políticas de “sinicização” religiosa — isto é, adaptar crenças religiosas aos valores do Partido Comunista e à cultura chinesa — e aumentar o controle estatal sobre organizações religiosas. As operações recentes parecem marcar uma nova fase mais agressiva dessa abordagem.

Desafios e expectativa

Para muitas dessas igrejas, sua existência depende de redes discretas e empenho em manter a mobilidade e anonimato. A apreensão de equipamentos digitais representa não só uma perda material, mas um golpe à estrutura de comunicação interna.

Organizações internacionais de direitos humanos e liberdade religiosa seguem de perto os desdobramentos dessas ações. Há expectativa de que governos, entidades religiosas e meios de comunicação se mobilizem para pressionar por garantias de liberdade de culto, acesso a advogados e visibilidade às detenções.

Enquanto isso, para cristãos chineses que rejeitam a subordinação ao controle estatal, a perseguição permanece uma realidade urgente e preocupante.


*Com informações do Gazeta do Povo

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