A cena de uma personagem orando é algo que não acontece nas animações da empresa desde 1996.

“Querido Pai Celestial, por favor, me dê força”. A frase seria apenas mais uma entre tantas outras repetidas em orações, se não fosse por um detalhe: ela foi proferida por uma personagem cristã da Disney, algo que não se via desde 1996. A série animada Win or Lose (Ganhar ou Perder, em tradução livre) estreou no Disney+ em 19 de fevereiro, com dois anos de atraso, e é uma produção em parceria com a Pixar.
A animação conta a história dos Pickles, um time de softball do ensino fundamental, na semana que antecede o jogo do campeonato. Cada um dos oito episódios da série se concentra na vida de um personagem diferente. Logo na estreia, no episódio Coach’s Kid, Laurie, a filha do treinador do time, faz uma oração para tentar lidar melhor com a sua ansiedade antes do próximo jogo.
“Querido Pai Celestial, por favor, me dê força… Eu só quero pegar uma bola ou dar uma rebatida”, ela diz. “Eu prometo que serei boazinha e eu, uh, não farei isso de novo”. Em outra cena, Laurie diz: “Por favor, me ajude a ser boazinha. Vou treinar muito”, ora a menina.
Para quem não se lembra, a última vez que um desenho da Disney mostrou um de seus personagens fazendo uma declaração a Deus foi em O Corcunda de Notre Dame, de 1996. Naquela ocasião, o personagem cantou a música God Help the Outcasts (Deus Ajude os Rejeitados), cuja letra dizia:
“Deus ajude os párias / Famintos desde o nascimento / Mostre a eles a misericórdia / Eles não encontram na terra / Deus ajude meu povo / Nós olhamos para Você / Ainda assim, Deus ajude os párias / Ou ninguém encontrará.”
Contudo, vale ressaltar que nem todo o conteúdo de Coach’s Kid é bíblico. Em outra cena do mesmo episódio, Laurie conversa com sua mãe, consultora de cartas de tarô, que tenta ler suas cartas para adivinhar as grandes novidades da filha: “Deixe-me adivinhar, você fez um home run?”, diz a mãe, virando uma de suas cartas de tarô de cabeça para baixo. “Não, espere, isso é sacrifício? Ah, isso é mórbido.”
A decisão de incluir uma personagem cristã em suas histórias tem incomodado a comunidade LGBT, principalmente após a Disney abandonar um enredo focado em um personagem identificado como transgênero.
A oração de Laurie também atraiu críticas de veículos LGBT, incluindo o Pink News, que escreveu que, embora a inclusão de um “personagem explicitamente cristão seja bastante inócua”, considerada em seu contexto mais amplo, pode deixar o público LGBT “um pouco desconfortável”.
Já a LGBTQ Nation disse que a decisão da Disney de incluir um personagem cristão foi uma resposta à pressão do presidente Donald Trump e dos republicanos, que, segundo eles, “continuam a aterrorizar a comunidade (transgênero) e a usar o cristianismo como justificativa, ao mesmo tempo em que afirmam que os cristãos estão sendo perseguidos por esforços de diversidade, equidade e inclusão”.
Outro canal, Them.us, vinculou o episódio à “direita cristã” e alertou que a inclusão da personagem Laurie “sugere a adoção da Disney de uma mudança cultural em direção ao conservadorismo tradicional durante o segundo governo Trump”.
Disney, — INFELIZMENTE —, sai em defesa da identidade de gênero.
A decisão da Disney de abandonar um enredo focado em um personagem identificado como transgênero ocorre após a empresa ter gerado indignação por sua defesa contra um projeto de lei de Direitos Parentais na Educação aprovado na Flórida em 2022.
A medida, denunciada pelos críticos como o chamado projeto de lei “Não Diga Gay”, proíbe professores e funcionários de escolas públicas de discutir questões relacionadas à orientação sexual e identidade de gênero com alunos do jardim de infância até a terceira série. No ano seguinte, o Conselho de Educação da Flórida alterou a lei para se aplicar a todos os alunos até o 12º ano.
A Disney expressou veemente oposição ao projeto de lei inicial, com o então CEO da empresa, Bob Chapek, prometendo aumentar o “apoio financeiro para grupos de defesa para combater legislação semelhante em outros estados”.
Nas semanas após a Disney se comprometer pela primeira vez a combater a legislação, surgiram gravações de vídeo mostrando funcionários da empresa discutindo um esforço para incorporar queerness (temas relacionados à ideologia de gênero) à programação infantil.
Após a adoção da ideologia LGBT pela empresa, uma pesquisa com 1.079 prováveis eleitores das eleições gerais, conduzida pelo Trafalgar Group em conjunto com a Convention of States Action em abril de 2022, descobriu que quase 70% dos americanos estavam menos propensos a fazer negócios com a empresa devido a notícias que “revelam que a Disney está se concentrando na criação de conteúdo para expor crianças a ideias sexuais”.
Com informações do The Christian Post
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