A Perseguição Silenciosa | Cristãos enfrentam aumento dramático da violência global

1- Perseguição Religiosa - Ataques-a-Cristãos na Nigéria

Perseguisão religiosa na África é “genocídio maior do que em Gaza”, diz Bill Maher, mas é ignorada pela mídia global, enquanto mortes de cristãos se multiplicam.

Enterro coletivo de fazendeiros cristãos massacrados pelo Boko Haram em Zaabarmari, em 2020. (Foto: EFE/EPA/Stringer)

A crise humanitária de perseguição religiosa na Nigéria se agrava drasticamente. De acordo com um relatório da Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety), apenas no país, entre 1º de janeiro e 10 de agosto de 2025, 7.087 cristãos foram mortos e outros 7.800 sequestrados por motivos religiosos. Esses números indicam que, diariamente, cerca de 35 cristãos são capturados e que a violência tem atingido níveis de verdadeira crise.

O país é hoje o mais letal do planeta para quem professa o cristianismo, responsável por quase 70% das mortes globais registradas no último ano, segundo a organização internacional Portas Abertas (Open Doors), que já registrou mais de 3.100 cristãos mortos e 2.830 sequestrados apenas em 2024. Grupos extremistas como Boko Haram, Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP) e milícias Fulani promovem ataques sistemáticos contra vilarejos, igrejas e fiéis, em uma violência que especialistas já classificam como perseguição religiosa em escala de genocídio.

No massacre de Yelwata, em junho deste ano, entre 100 e 200 cristãos foram assassinados em ataques coordenados. Além das mortes, há relatos de estupros, conversões forçadas, incêndio de templos e deslocamento de comunidades inteiras. Apesar da gravidade, o tema recebe pouca atenção da mídia internacional e escassa resposta das autoridades locais, o que aumenta o clima de impunidade.

Apesar da escala da tragédia e dos dados alarmantes, a perseguição a cristãos no mundo — especialmente na África e na Ásia — é amplamente ignorada pela mídia internacional, o que contribui para um clima de impunidade e invisibilidade para as vítimas.

Gaza: sobrevivência em meio à guerra

Palestino tenta apagar incêndio com extintor após ataque de Israel ao sul da Faixa de Gaza Imagem: 14.out.2023-Yasser Qudih/AFP

A perseguição também se manifesta no Oriente Médio. Em Gaza, a já pequena comunidade cristã, que somava cerca de mil pessoas antes da guerra, foi drasticamente reduzida. Hoje restam pouco mais de 700 fiéis, submetidos a bombardeios, falta de alimentos, medicamentos e insegurança constante.

Em julho de 2025, a Igreja Católica da Sagrada Família — único templo católico de Gaza e abrigo de centenas de civis — foi atingida por um ataque aéreo israelense, matando três pessoas e ferindo dezenas, inclusive o sacerdote local. Meses antes, a histórica Igreja Ortodoxa de São Porfírio também havia sofrido danos em outro bombardeio. Para líderes religiosos, a continuidade desses episódios ameaça o desaparecimento total do cristianismo no enclave palestino.

África e Ásia concentram casos mais graves

Divulgação internet.

Segundo o relatório World Watch List 2025, mais de 380 milhões de cristãos enfrentam perseguição ou discriminação em todo o mundo. No ranking dos dez países mais hostis à fé cristã aparecem, além da Nigéria, Coreia do Norte, Somália, Iêmen, Líbia, Sudão, Eritreia, Paquistão, Irã e Afeganistão.

Na República Democrática do Congo, ao menos 355 cristãos foram mortos no último ano por ataques de grupos armados, sobretudo a facção islâmica ADF, que promove violência contra comunidades e destrói templos. No Paquistão, leis antiblasfêmia continuam sendo usadas para prender cristãos e justificar linchamentos. Já na Coreia do Norte, prática religiosa fora do controle estatal pode resultar em prisão perpétua ou execução.

 

Tendência preocupante

Os dados mostram que a perseguição não se limita a contextos de guerra. Em diferentes países, cristãos enfrentam desde hostilidade social e perda de direitos civis até prisões arbitrárias e violência extrema. Para especialistas, o fenômeno se intensifica em áreas com presença de grupos extremistas, regimes autoritários ou instabilidade política.

Da Nigéria a Gaza, passando por diferentes pontos da África e da Ásia, a perseguição contra cristãos se mantém como uma realidade dramática e crescente. Mais do que estatísticas, os números refletem vidas ceifadas, famílias desestruturadas e comunidades inteiras ameaçadas de desaparecer. Organizações de direitos humanos alertam que apenas maior visibilidade internacional, pressão diplomática e ação humanitária poderão reduzir os efeitos desse massacre silencioso.

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